O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que interfere na capacidade do cérebro regular atenção, impulsos e nível de atividade. Ele não é causado por “falta de limites” ou por questões emocionais, nem tem relação direta com inteligência — crianças, adolescentes e adultos com TDAH podem ser extremamente criativos, inteligentes e curiosos, mas apresentam dificuldades em controlar o foco e manter uma organização que corresponda ao próprio potencial.
O TDAH acompanha a pessoa desde a infância, embora os sinais possam variar com a idade e com o ambiente (escola, casa, trabalho). Ele se manifesta por volta dos primeiros anos escolares, quando as demandas de atenção e organização ficam maiores.
Características observadas desde a infância
Muitos cuidadores relatam que a criança com TDAH sempre foi “ligada no 220V” ou distraída desde cedo, mas é no período escolar que os sinais ficam mais evidentes. Entre as características, podemos observar:
Em relação à atenção:
- dificuldade em se concentrar em tarefas repetitivas ou demoradas;
- muita distração com estímulos externos (barulho, pessoas, objetos);
- começa várias atividades e não termina;
- perde materiais com frequência (lápis, caderno, brinquedos, roupas).
Em relação à impulsividade:
- dificuldade em esperar turnos (na fila, em jogos);
- interrompe conversas ou responde antes da pergunta terminar;
- toma decisões rápidas sem avaliar consequências.
Em relação à hiperatividade:
- inquietação constante (balançar pernas, levantar-se o tempo todo);
- fala excessivamente;
- dificuldade em brincar de forma mais calma.
Vale lembrar que o TDAH não se apresenta da mesma forma em todas as crianças. Algumas são predominantemente desatentas, outras impulsivas e hiperativas. Há ainda o tipo combinado, com características dos três domínios.
Como é feito o diagnóstico de TDAH?
O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por um profissional de saúde habilitado (médico especialista ou psicólogo com formação adequada), por meio de:
- Avaliação detalhada da história da criança (gestacional, desenvolvimento, comportamento em diferentes ambientes);
- Entrevistas com responsáveis e professores;
- Observação do impacto dos sintomas na vida acadêmica, social e emocional;
- Exclusão de outras condições que possam causar sintomas semelhantes, como dificuldades de aprendizagem, transtornos de ansiedade, alterações sensoriais, distúrbios de sono, entre outras.
Exames complementares podem ser solicitados apenas quando há suspeitas específicas; eles não substituem a avaliação clínica.
Como o TDAH pode ser tratado?
O tratamento é individualizado e pode incluir:
- Intervenções psicopedagógicas e adaptações escolares, que ajudam a criança a aprender com mais eficiência, respeitando seu tempo e estilo de aprendizagem.
- Terapias comportamentais, que auxiliam no desenvolvimento de organização, gestão do tempo e estratégias de autorregulação.
- Orientações familiares, para que pais e responsáveis compreendam o funcionamento da criança, reduzindo conflitos e expectativas irreais.
- Medicação, quando indicada, pode ser utilizada para melhorar a atenção, impulsividade e hiperatividade.As classes mais utilizadas atuam como:
- estimulantes, que aumentam a disponibilidade de neurotransmissores relacionados à atenção;
- não estimulantes, que regulam circuitos cerebrais associados ao controle de impulsos e ansiedade.
O uso de medicação é sempre individualizado, considerando idade, sintomas, comorbidades e histórico familiar.
Neurofeedback no TDAH: por que pode ajudar?
O Neurofeedback é uma técnica de neuroestimulação não invasiva, que treina o cérebro a funcionar de forma mais equilibrada. Durante o treinamento, sensores são colocados no couro cabeludo para monitorar a atividade elétrica do cérebro (EEG). A partir disso, o paciente recebe estímulos visuais ou sonoros que indicam, em tempo real, quando seu cérebro está funcionando de forma mais organizada.
Com repetição, o cérebro aprende a manter esse padrão mais regulado — assim como um músculo treinado.
Por que o Neurofeedback beneficia pacientes com TDAH?
Pesquisas mostram que pessoas com TDAH costumam apresentar alterações em ritmos cerebrais relacionados à atenção, impulsividade e controle motor. O Neurofeedback atua justamente nessas frequências, favorecendo:
- Melhora do foco e da atenção sustentada
- Redução da impulsividade e da inquietação
- Melhora da autorregulação emocional
- Maior organização e desempenho acadêmico
- Benefícios que podem ser duradouros, já que treinam o cérebro
Além disso, o Neurofeedback não utiliza medicamentos e pode ser associado ao tratamento convencional, potencializando os resultados.
Um olhar acolhedor sobre o TDAH
Nenhuma criança deve ser definida por suas dificuldades. No TDAH, entender o funcionamento do cérebro é o primeiro passo para transformar desafios em habilidades. Com tratamento adequado, acolhimento e estratégias corretas, crianças e adolescentes com TDAH podem desenvolver todo o seu potencial, com mais autonomia, autoestima e bem-estar.
Se você suspeita que seu filho ou aluno tenha TDAH, procure avaliação especializada. O diagnóstico precoce é um caminho de cuidado, não de rótulos.
Cuidar do cérebro é promover desenvolvimento, saúde e qualidade de vida.!