A Terapia Assistida por Animais (TAA) tem chamado atenção de muitas famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Seja com cães, cavalos, coelhos ou até aves, a presença de um animal pode transformar o ambiente terapêutico em algo mais leve, afetivo e motivador.
Mas a grande pergunta é: funciona mesmo? A ciência confirma? É indicada para todos?
Como pediatra com atuação em neurodesenvolvimento, quero explicar de forma simples o que realmente sabemos — e quando essa abordagem pode ajudar seu filho.
O que é a Terapia Assistida por Animais?
A TAA é uma intervenção estruturada, conduzida por profissionais capacitados, na qual um animal treinado participa das sessões para estimular habilidades sociais, emocionais, sensoriais e cognitivas.
Não é “apenas brincar com o animal”.
É uma técnica planejada, com objetivos claros, como:
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Melhorar contato visual
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Estimular comunicação
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Reduzir ansiedade
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Incentivar interação social
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Trabalhar habilidades motoras
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Aumentar repertório de brincadeiras
A Terapia Assistida por Animais realmente funciona para crianças autistas?
Benefícios observados na prática clínica e em estudos:
1. Redução da ansiedade e da agitação
O simples toque no animal diminui níveis de cortisol e aumenta ocitocina, trazendo sensação de segurança e calma.
2. Aumento da comunicação espontânea
Muitas crianças iniciam interações para pedir que o cão “venha”, que o cavalo “pare”, ou para mostrar algo que o animal fez.
3. Melhora da socialização
O animal funciona como um mediador, facilitando aproximação, contato visual e trocas sociais.
4. Maior engajamento nas terapias
Crianças que resistem a terapias tradicionais muitas vezes aceitam participar quando o animal está envolvido.
5. Regulação sensorial
A textura da pelagem, o movimento do cavalo (na equoterapia), o peso do cão no colo… tudo isso ajuda o sistema nervoso a organizar sensações.
O que dizem os estudos?
Pesquisas em neurodesenvolvimento mostram:
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Ganho de habilidades sociais
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Redução de estresse fisiológico
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Melhora da atenção conjunta
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Aumento na iniciativa comunicativa
É indicada para todas as crianças com TEA?
Na maioria dos casos, sim, mas com atenção a alguns pontos:
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Crianças com alergia a pelos precisam avaliação prévia
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Crianças com medo intenso de animais devem avançar com cautela
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O animal deve ser treinado, calmo e acompanhado por profissional certificado
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Nunca deve substituir terapias essenciais (fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, etc.)
Tipos de Terapia Assistida por Animais e seus benefícios
Com cães – Interação afetiva e social
Ótima para estímulo de comunicação, autonomia e redução de ansiedade.
Equoterapia – Movimento tridimensional
Benefícios motores, sensoriais e emocionais. Muito indicada para TEA associado a hipotonia, coordenação prejudicada ou dificuldades de regulação.
Coelhos, aves e pequenos animais – Sensibilidade e cuidado
Ajudam crianças que precisam desenvolver gentileza, controle de força, atenção e vínculo.
Como saber se seu filho pode se beneficiar?
A TAA costuma ajudar crianças que:
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Têm dificuldade em manter atenção
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São muito ansiosas
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Apresentam resistência a terapias tradicionais
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Precisam melhorar habilidades sociais
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Têm hipersensibilidade sensorial
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Buscam vínculo emocional, mas têm dificuldade de iniciar
Cada caso é único — por isso, converso sempre com os pais para entender o perfil da criança e indicar a melhor abordagem.
Conclusão
Terapia Assistida por Animais funciona? Sim — quando bem indicada.
Ela não é cura, não substitui terapias essenciais, mas é uma intervenção complementar valiosa, com evidências de melhora na comunicação, socialização, engajamento terapêutico e regulação emocional.
Para algumas crianças, esse contato vira uma das partes mais especiais do processo de desenvolvimento.
Se você está em busca de uma alternativa acolhedora e baseada em evidências para ajudar seu filho, a TAA pode ser um caminho.
Quer saber se é indicada para o seu filho?
Durante a consulta, eu avaliarei individualmente cada caso, considerando o perfil sensorial e emocional da criança e orientarei os melhores caminhos terapêuticos.